quarta-feira, 1 de junho de 2016

A Dor Tem Nome

A dor tem nome, sobrenome e  endereço.
Tem um olhar pra cada sorriso seu, e um sorriso pra cada lágrima.
A dor tem uma face, você lembra dela cada vez que deita a cabeça no travesseiro, cada vez que tenta esquecer.
Ando papeando com a dor com muito mais frequência que meu coração parece suportar. Ela me corta em um milhão de pedaços, aquela adaga que te perfura as costas, te lança em uma agonia absurda, enquanto você sustenta o sorriso e o discurso.
A dor tem palavras, de promessas não cumpridas, ela fala mentiras, te engana, te trai, te força a ser outro alguém, a dor também te engana, ela se finge de prazer, assim ela segura sua cabeça um nível abaixo no oceano.
A dor pra mim tem olhos pequenos, eles me olham de canto, eles desviam todas as vezes que tento prende-los em um olhar de confidência. A dor me beijava cheirando a outros perfumes, outros prazeres, e me deixava com aquele gosto de medo, de insegurança, a dor da traição.
A dor cortou minhas asas por um tempo, roubou meu brilho, me tirou dos trilhos, de mim mesma, fez de mim alguém que eu não reconhecia, me jogou no submundo, onde outras almas vazias, outros iguais a mim, buscavam algum sentido.
A dor te coloca em um vestido apertado, em um salto fino, coloca um copo na sua mão, um beijo na sua boca, um corpo estranho na sua cama, para te lembrar que ela vai continuar ali.
A dor dilacerou meu peito, arrancou meu coração, olhou para ele sangrando, jogou no chão e pisou. Estou até agora tirando os resquícios dele, daquela calçada chamada desprezo.
A dor faz um circo publico, te coloca na platéia, te faz assistir o show, te foca na multidão, te aponta o dedo, faz de você um expectador dos seus erros. Por que os erros, vão ser sempre seus.
A dor tem um nome se chama amor.
Tem um sobrenome, partido.
Tem um endereço, meu peito.

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